segunda-feira, 17 de maio de 2010

Planejar, investir e crescer

Ser sede dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo pode melhorar a infraestrutura nas cidades. É preciso aproveitar e planejar corretamente os projetos para que os investimentos continuem a ser úteis depois dos eventos. As Olimpíadas de 2016 e a Copa do Mundo de 2014 no Brasil deveriam ser utilizadas como catalisadores do desenvolvimento nas cidades sedes de jogos e suas regiões metropolitanas.

O vice-prefeito de Londres, Richard Barnes, conta que apesar de desenvolvida, a capital inglesa também enfrenta problemas de falta de moradia, enormes congestionamentos nas ruas e a necessidade de ampliação do transporte público para comportar toda a demanda existente. “Vamos aproveitar a infraestrutura a ser criada para os Jogos Olímpicos de 2012 para a população. Também pleiteamos a Copa do Mundo de 2020, que pode trazer mais benfeitorias. Estamos criando estruturas permanentes que poderão ser usadas muito tempo depois dos jogos olímpicos”, prevê Barnes.

A vila olímpica vai se transformar em casas para a população carente. “Vamos dar subsídios para quem quiser comprar as casas e também para o aluguel. Estamos estruturando os trens para ajudar a atravessar a cidade congestionada. A prefeitura faz lobby para que o governo central continue a investir em Londres. O desenvolvimento precisa acontecer também no subúrbio, com economia sustentável onde grande parte da população vive e precisa trabalhar”, observa Barnes.

O diretor da Agência de Desenvolvimento da capital inglesa, Peter Bishop, explica que as Olimpíadas de 2012 em Londres vão ajudar na revitalização de áreas pobres, como já está sendo feito neste momento com a região de East London, que vai sediar os jogos.

Algumas das instalações serão usadas sem modificações, para esportes. Bishop citou especialmente o Estádio Olímpico, de 80 mil lugares. Mas após as Olimpíadas, o espaço será adequado para uso local, sendo reduzido para 55 mil lugares.

Os investimentos públicos destinados à infraestrutura das Olimpíadas são da ordem de 5,3 bilhões de libras. Mas a cidade tem muito a ganhar com isso, segundo Bishop, e 1,7 bilhão de libras estão sendo destinadas à recuperação e reforma urbana de uma das áreas do East London, o Lower Lea Valley.

INOVAÇÃO

Como fazer para superar barreiras que parecem intransponíveis para o desenvolvimento das cidades? O vice-prefeito de Lyon, na França, Michel Daclin, disse que é preciso oferecer um ambiente que leve à criatividade. Ele acrescenta que o processo de busca por soluções inovadoras nas cidades passa obrigatoriamente pelo cuidado com a educação e a mobilização de toda a sociedade local.

“A inovação cobre muitos domínios e a educação tem papel muito importante nisso. Se uma área metropolitana quiser ter sustentabilidade, ser criativa e inovadora, precisa dar condições para que isso aconteça e fazer com que todos participem desse processo. Também se deve incentivar a diversidade, a interdisciplinaridade e novas formas de expressão”, afirmou.

Para o organizador da Conferência Internacional de Cidades Inovadoras 2010, Rodrigo da Rocha Loures, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), é preciso programas públicos não conservadores. “As pessoas buscam o bem estar que as cidades não oferecem. E quem oferecer isso vai receber mais investimento”, destacou ao apontar ações como as da prefeitura de Chattanooga, nos Estados Unidos.

4 comentários:

antonio donato de melo disse...

O importante é olhar para o futuro;pós competição, visando o melhor aproveitamento da infraestrutura. Espero que no Brasil,não desperdicemos a chance de aprimorarmos as condições dos menos favorecidos. Oferta de modadlidades de esporte, moradias,etc. Mas temos que incluir tais pretensões nos projetos em andamento, e isto é plenamente viável.

Fey disse...

Acho que há uma inversão de ordem.
Ser sede das Olimpíadas pode trazer desenvolvimento sim.
Mas antes de ser sede das Olimpíadas, é preciso mudar a nossa mentalidade para mercer de verdade os jogos. E no final, é essa mudança de atitude que traz o desenvolvimento, e não um simples aval do comitê olímpico.

Essa mudança de atitude inclui:
- Valorizar o patrimônio público: não pichar estátuas, preservar vias, não sujar ruas, calçadas, e transporte público, exigir restauração de prédios tombados)
- Respeitar as leis: mostrar educação em trânsito, reduzir a burocratização, diminuir a inadimplência e trabalhos informais, exigir maior vigilância contra o crime.
- Respeitar os direitos individuais: eliminar o preconceito de raças, classes e opção sexual, não perturbar os outros com sons e gritos, não usar a violência em estádios.
- Trabalhar em conjunto pelo benefício geral: eliminar o camaradismo partidário para liberar investimentos da União, deixar de querer se aparecer para fazer a sua parte e ganhar ibope.
- Organização: Planejar com atecedência, prever demanda, ter mais eficiência nos serviços públicos, ouvir especialistas técnicos e não políticos para criar uma infra-estutura que beneficíe o cidadão comum.

Tudo isso são atitudes que não precisam de uma Olimpíada para começar, mas que deveriam ser praticados regularmente em qualquer momento da nossa história. Achar que as Olimpíadas vem para trazer desenvolvimento, é achar que o nosso desenvolvimento só precisa ocorrer durante 4 anos de preparação e depois as coisas podem ir seguindo na marcha neutra.

marco mendes disse...

"Também se deve incentivar a diversidade, a interdisciplinaridade e novas formas de expressão." Um dia ainda veremos um político brasileiro pensando assim. Por enquanto, no caso de um grande evento, o raciocínio é: onde eu coloco esse saco de cimento?

Tetsuo Shimura disse...

Em Londres os investimentos públicos destinados à infraestrutura das Olimpíadas são da ordem de 5,3 bilhões de libras. Quanto será o total gasto no Brasil e quantos benefícios trarão?