sexta-feira, 28 de maio de 2010

Estoniano propõe megamutirão de limpeza de ruas no Brasil

Um grupo de 150 mil voluntários vai limpar as ruas da cidade do Rio de Janeiro em março de 2011. O megamutirão da faxina é organizado por um grupo de ambientalistas e tem como base ação semelhante já realizada em 2008 na Estônia, que envolveu 50 mil pessoas, 600 pessoas que trabalharam diretamente no projeto e 10 mil toneladas de lixo retiradas daquele país em um dia de trabalho. O objetivo é realizar ação semelhante em São Paulo em 2013 e em Belo Horizonte em 2012.
Batizada de “Campanha Limpa Brasil”, a campanha foi anunciada pelo estoniano Rainer Nolvak, idealizador da ação na Europa, no 3º Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, no Rio. Nolvak quer limpar toda a capital fluminense com a ajuda de 150 mil voluntários, 50 empresas, 12 instituições públicas em novembro. Vai precisar de um financiamento de parceiros estimado em torno de R$ 3,8 milhões. Nesse momento está sendo montada a estrutura para administrar e organizar o megamutirão.
O movimento já conta com o apoio de várias empresas como a Votorantim, TAM, Vivo, Vale, Nokia, Banco do Brasil, Petrobrás, Brasil Previ e Eletrobras. A Unesco vai assinar a campanha. O objetivo do Limpa Brasil é fazer ações itinerantes em diferentes cidades do País, como São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.
Em entrevista exclusiva, Nolvak disse que o grande sonho é ajudar as pessoas a limpar o planeta, país por país. “O Brasil é enorme, por isso é preciso muita coragem para limpar todo o país de uma vez. O Rio vem desenvolvendo uma infraestrutura que torna possível um resultado sustentável. Nós estamos ansiosos para saber como vamos trabalhamos com os cariocas. Cada lugar tem sua própria história e outros serão construidos com essa experiência”, afirmou.
“Aqui a campanha deverá ser realizada de forma diferente dos países europeus, que desenvolveram a limpeza em 24 horas. No Rio deveremos fazer em etapas, entre uma semana e um mês. Estamos fazendo o mapeamento e desenvolvendo a logística. Haverá campanhas educativas antes do evento”, explica Marta Rocha, da Atitude Brasil, que organiza a fase brasileira.
Nolvak destaca que é preciso utilizar a imaginação para concretizar a limpeza da cidade do Rio e pede mudança na mentalidade das pessoas. “Tudo o que posso fazer é compartilhar a minha história. A história de limpar o Rio está nas mãos de pessoas de bem do Rio! O que você pode fazer? Ouse imaginar – uma cidade limpa, o Rio de Janeiro. Em apenas um dia. Converse com seus amigos, para ver o que eles pensam disso. Junte-se ao movimento, se você sentir que está pronto. Se mora em outro lugar, comece a preparar o movimento em sua cidade! Mudar a mentalidade das pessoas é um enorme trabalho, de equipe - por isso todos são bem vindos.”
Nem os traficantes nos morros amedrontam o movimento. Nolvak quer até a ajuda dos criminosos. “A verdadeira força da Campanha Limpa Brasil reside na união, em uma cooperação em massa com todos para limpar a cidade. Percebemos que a mudança de hábitos é uma tarefa gigantesca. É uma luta pessoal para muitos, não é fácil mudar maus hábitos . É como parar de fumar. Assim como um fumante precisa do apoio de outras pessoas para parar de fumar, nós precisamos de todos para decidir viver em um ambiente livre de lixo. Culpar alguém só faz as pessoas se defenderem e não resolve muito. Então por que não pedir-lhes para participar?”
São Paulo. O estoniano acredita ser possível realizar projeto semelhante numa cidade do porte tão grande como São Paulo. “Por que não? O time em Nova Deli está preparando o clean-up de tamanho semelhante (ao de São Paulo). Eles já fizeram um piloto de limpeza e estão buscando apoio. A questão não é o tamanho da cidade, mas a vontade das pessoas dizerem ‘eu quero São Paulo limpo’!”, observa.
“Eu estarei no Rio em breve, então eu vou poder te dizer. O maior problema do lixo da Estônia foi a combinação da falta de civilidade da população com a má administração do lixo. Simplificando, a sociedade civil e os poderes públicos simplesmente não se importavam. Isto permitiu a ignorância florescer. A limpeza começa dentro de si mesmo em primeiro lugar. Você tem que ter elevada autoestima e orgulho para começar. A campanha Limpa Brasil pode servir como uma excelente ferramenta para o desenvolvimento de ambos. Esta é a parte mais difícil – mas também a mais gratificante”, conclui.
Os megamutirões de limpeza começaram na Estônia, em 2008. Depois seguiu para os países vizinhos Lituânia e Letônia. Em março, Portugal deu o pontapé inicial do Limpa Portugal, com mais de 100 mil voluntários cadastrados. Também em abril, a Eslovênia agrupou 250 mil pessoas na limpeza do país. Nova Deli, na Índia, fará em setembro, assim como Romênia, seguida da cidade do Porto, em Portugal e depois Kiev, na Ucrânia.

12 comentários:

HSA disse...

Sugiro que se crie movimento similar para que sejam plantadas árvores na cidade. Só vemos árvores sendo destruídas e muito dificilmente alguma sendo plantada. Pode-se usar um refrão tipo "Vamos transformar o Rio em um jardim".

alcides rondina disse...

sr Reina,

SP nao pode esperar ateh 2013 para ter mutirao de limpeza. precisamos varios
deles jah e tb forçar a barra para que os menos esclarecidos nao usem a via
publica como deposito de lixo. Eh vergonhoso o que se pratica aqui no
Brasil.

abraços

MAURICIO disse...

a cidade mais facil de limpar é brasília: basta se concentrar no congresso nacional e a data já está até marcada - as eleições desse ano!!

Tetsuo Shimura disse...

Não vejo com muito otimismo qualquer campanha afinal, em plena era do regime militar a TV Globo veiculava a campanha do Sugismundo. Resolveu? Nada! E naqueles tempos ainda não existiam as gangs dos pichadores e tampouco jornalistas a elogiarem as "artes" dos grafiteiros.

É comum ver os garis varrendo ruas e calçadas e logo em seguida pessoas jogando lixo na rua; nos congestionamentos não é raro ver motoristas esvaziando o cinzeiro na rua ou suas sacolinhas de lixo...

À população, o aprendizado pela sabedoria ou pela dor (doenças, odores, pragas de insetos etc). Com o nível das escolas, políticos e afins que temos, qualquer melhoria somente em 2899 DC.

Davi P Silva disse...

De fato, a limpeza comeca na mente. Falta de higiene e causa de enfermidades e mortes. Esta deve comecar com o proprio individuo, com sua familia, e depois se estende a sociedade. Ela inclui limpeza mental, moral, e fisica. Toda iniciativa em favor da higiene deve receber o apoio de todos, a comecar pelos meios de comunicacao: radios, jornais, televisao, internet, etc.

Jesus declarou que so os limpos de coracao verao o reino de Deus. Sem duvida Ele se referia a limpeza da mente o que se reflete em nossas palavras e atos em todas as esferas da vida.

Eu mesmo disse...

É ótimo ver que alguem, que nem brasileiro é, está tomando a frente pelo menos para tentar limpar e mudar o comportamento do povo.
O problema, como está no comentário acima, é que muitos já estão desacreditados e pensam, por que fazer se não vai adiantar nada mesmo? Mas se não fizer ou começar ou mesmo tentar, nunca se mudará, certo?
O maior problema é que educação vem de casa, não importa se é favela ou não. Uma favela pode ser limpa e bem organizada, basta a pessoa que vive nela ter a força de vontade.

Dana disse...

Por que um estrangeiro tem que fazer isso?
Os brasileiros nao tem coragem???
Vegonha! Isso já comeca na casa da gente!!!
Um chefe para organizar e movimentar o povo para o bem é que está faltando. Todo mundo quer ser cacique, mas ninguém quer fazer.
Parabéns "Gringo"!!!!

roberta disse...

achei a ideia muito interessante! mobilizar a populaçao como um todo para refletir sobre os problemas sociais é essencial! bem como é primordial a uniáo de todos para que algum resultado concreto se atinja!

como moradora de Curitiba percebo que uma campanha contra jogar lixo na rua se torna eficaz com o tempo. ... mas limpar as cidades vai além disto: vai no sentido de diminuir o consumo! porque afinal, mesmo o lixo não estando na rua em local visivel, pra algum lugar ele vai: e a maioria dos aterros de lixo no Brasil estão chegando ou já alcançaram seus limites (inclusive no RJ, na guanabara!) .... será que esse projeto visa olhar pra esses depósitos e resolver tb? será que haverá conscientização da importancia do trabalho da reciclagem? Essencial para uma sociedade mais sustentável, e que ainda é estritamente vista como fonte de renda dos de baixa-renda ... foda !

e gente! grafite é arte sim!!
quantos já nao viram trabalhos dos Gemeos em palácios europeus e acharam o maximo? aí qd tá colorindo um viaduto é lixo? ... nao vamos confundir arte-urbana com pixaçao! pixar o nome de uma gangue é, com certeza, sujar a cidade ... mas fazer ARTE URBANA com grafite, estencil, lambs é ativismo cultural e deve inclusive ser fomentado (como aqui é: pinturas em viadutos, pontes e outros espaços por grupos locais e financiados pela fundaçao cultural!)

roberta disse...

nao confunda pixação com ARTE URBANA ! o grafite é um movimento artístico bem mais velho do que tu pode imaginar, e bem valorizado por diversos países ... procure se informar mais ...

Tweets that mention Estoniano propõe megamutirão de limpeza de ruas no Brasil | Eduardo Reina -- Topsy.com disse...

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Hiroaki disse...

Parabéns a essa iniciativa!
Quero entrar em contato com a coordenação deste movimento pois, em S.Paulo, há mais de 15 anos, limpamos locais públicos todo mês e, uma vez por ano, limpamos a avenida Paulista com com milhares de voluntários.
Precisamos tornar este país mais limpo, organizado e com respeito à coisa pública!

Hiroaki Kokudai
hiroaki@zpb.org.br

Hiroaki disse...

Dana:
Concordo contigo. O problema é que precisa muita coragem e auto-estima para fazer isso. Sou de uma ONG que reune milhares de voluntários em São Paulo para, uma vez por mês, limparmos a av. Paulista. Todo mês estamos limpando alguma rua ou praça. No Brasil, infelizmente, fazer limpeza é coisa para "serviçal". No Japão, de onde veio a ONG, em muitas empresas o presidente faz faxina para dar o exemplo. O problema é cultural, mas se o pessoal não sujar, já é uma grande coisa.
Hiroaki