sexta-feira, 23 de abril de 2010

Parte do lixo contaminado da Nuclemon foi para aterro em Perus

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo que em 1991 apurou responsabilidades da exposição à radiação sofrida pela população paulistana mostra que a Nuclemon Mínero-Química, uma das empresas do programa nuclear brasileiro, depositou lixo químico – torta de fosfato trissódico – por vários anos no Aterro Bandeirantes, em Perus, zona norte da capital. Isso, segundo a CPI, representa risco para trabalhadores no local e à população vizinha. A quantidade enterrada é desconhecida. As atividades da Nuclemon foram absorvidas pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB).

Para a Cnen, responsável pela fiscalização das instalações nucleares e radioativas no País, não há riscos ao meio ambiente e população em geral, pois há monitoramento dos níveis de radiação periódico das antigas instalações da Nuclemon em Interlagos, zona sul.

A Prefeitura de São Paulo evita falar a respeito desse assunto. Segundo o Departamento de Limpeza Urbana (Limpurb), órgão da administração municipal que gerencia a coleta de lixo na capital, a Nuclemon não consta no cadastro de grandes geradores de resíduos.

O  Aterro Bandeirantes, considerado de classe 2, está apto apenas a receber lixo doméstico, e não pode receber esse tipo de resíduo industrial contaminado. Hoje Aterro Bandeirantes está desativado e gera gás para produção de energia elétrica.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, considera desde novembro de 2001, que o terreno da Usina Santo Amaro (Usam), da Nuclemon, localizada na Rua Princesa Isabel, no Brooklin, está descontaminado e liberado para uso irrestrito. É o que mostra relatório sobre rejeitos radioativos da Cnen.

O mesmo documento aponta que há 325 metros cúbicos de rejeitos radioativos na Usina Interlagos (Usin) armazenados num galpão, na Avenida Miguel Yunes, que deverá ser limpo e vendido, conforme mostrou hoje o jornal Estado e o portal do Estadão. O objetivo da INB é limpar e liberar o terreno de 54 mil metros quadrados em Interlagos, para “uso irrestrito”, o que permitirá uma nova utilização para qualquer tipo de atividade, inclusive o habitacional.

O material contaminado na Usin e na Usina Santo Amaro (Usam) e identificado pela Cnen contém misturas de sulfatos de bário e rádio, sulfeto de chumbo, baritina moída, hidróxido de tório contendo urânio e torta de fosfato trissódico. O depósito mantém 1.154 toneladas de rejeitos radioativos estocados em bombonas plásticas, desde 1998. Na antiga área da Usam houve trabalho de descontaminação e há edifícios habitacionais hoje.

Em Interlagos, a areia com minerais pesados que recobre o terreno é proveniente da Usam, que tinha como matéria-prima areia monazítica extraída das praias do norte do Estado do Rio de Janeiro. Essa areia passava por um processo químico para obtenção de urânio e tório. O que sobrava desse produto monazítico era lançado na ára da fábrica. O material manteve a concentração radioativa em pelo menos cinco pontos do terreno, mas em quantidade que não causaria danos a quem vive ali, segundo a INB.

A Nuclemon foi fechada em 1992. A Usam, uma das unidades da Nuclemon, foi desativada entre 1992 e 1996. A intenção era que os rejeitos da usina fossem levados para uma usina em Caldas (MG), no fim dos anos 90. Itamar Franco, então governador de Minas, proibiu o armazenamento de rejeitos radioativos de outros Estados em território mineiro. O terreno da Usam já foi descontaminado, vendido e hoje abriga prédios.

Veja no post abaixo relato de ex-trabalhador na empresa, aposentado precocemente e que luta na Justiça por indenização.

8 comentários:

Sergio Gravello disse...

Mais uma herança do mal governo de FHC a ser solucionada pelo Lula.

JOEL CARLOS DE ALMEIDA SARAIVA disse...

De atêrro Sanitário, o Lixão de Perús, como assim é conhecido na região Oeste da Capital, vira atêrro Nuclear. Um ato insano de nossas autoridades. A região, povoada densamente, sofre mais um golpe em seu seio. Jamais poderíamos conceber que isso fosse acontecer. Falta de lideranças na região, de homens capazes de contestar, acabam deixando fatos gravíssimos como este, iniciarem a proliferação de lixo nuclear na região de Perús. Quem sabe, isso futuramento, não ocasionará, uma contaminação em toda o norte de São Paulo, prejudicando inclusive a Mata Atlântica. Cadê a população, que não contesta? E as aitoridades da região, que nada fazem para impedir esta anomalia? O famigerado Lixão de Perús, foi implantado para receber lixo doméstico, não nuclear. Acorda povo, antes que seja tarde. Joel Carlos de Almeida Saraiva, Jornalista, Jaraguá, São Paulo, Capital dos Paulistas.

Guilherme Oliveira disse...

Uma observação para o autor.
O nome da avenida na regiao de Interlagos / Santo Amaro, o correto é Miguel Yunes, não João Yunes como publicado.

Luiz disse...

Mais um comentário sem qualquer ligação com a realidade, feito por provável petista ou ignorante que o valha. O Lula nunca consertou nada neste país. A situação razoavelmente tranquila da economia não é resultado de 8 anos de governo, o crescimento do país também não. Povo burro, medíocre, só vai mesmo continuar comendo capim na mão de populistas. Enquanto isso, o sapo barbudo vai engordando seu patrimônio, junto com a família...

Sidney disse...

É incrível o limite infinito da imbecilidade humana. Talvez o comentário mais estúpido que já li.
Lendo isso, começo a entender porque o Lula quer reviver a censura - certamente para controlar os seus asseclas ignorantes.

Mario Ricca disse...

O bicho é burrinho mesmo, não consegue nem entender o que está escrito no texto, muito menos relacionar os fatos com a ordem cronológica dos fatos e dos ciclos presidenciais. Mas já está explícito porque votou no Lula e ainda vale questionar o que foi resolvido já que o problema da contaminação continua.

Hussen Ali Ibrahim disse...

A herança que Lula recebeu de FHC é o que impulsionou nossa economia, proporcionando a ele a visibilidade que tem hoje. Dizer que esse lixo toxico é herança de FHC só poderia mesmo ter saído de mente ignorante e manipulada pelo PT, ou melhor putrefada pelo PT.

Nelson Silva disse...

Passei hoje pelo local e está tudo do mesmo jeito. Nada mudou. Não vamos deixar isso passar em branco. Vamos atrás e vamos empurrar esse lixo nuclear para um lugar mais adequado. Ali estão nascendo inúmeros prédios residenciais o que torna perigoso para as pessoas que passaram ou passarão a residir ali.