segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Minha entrevista com Lindemberg, assassino de Eloá, que não foi publicada

Reproduzo abaixo uma rápida entrevista que fiz com Lindemberg Alvez, assassino da garota Eloá Pimentel em 2008, em Santo André. A entrevista foi feita por telefone na tarde do dia 15 de outubro de 2008, quando eu era repórter do Estadão. Estava em andamento o terceiro dia do sequestro. A direção do jornal decidiu não publicar a conversa. Foi uma entrevista rápida e tensa enquanto ele mantinha a garota refém dentro do apartamento da família dela. Lindemberg, nervoso, estava monossilábico e desligou o telefone quando não queria mais falar. Hoje começou seu julgamento pela Justiça. O contato foi fácil. Procurei o telefone do apartamento na lista telefônica. Era um final de tarde. Disquei. Ele atendeu e conversamos. Veja abaixo o que disse um dos protagonistas dessa trágica história: Me conte um pouco de sua vida, você é uma pessoa que tem muitos amigos, quem são? - Não vou ficar falando da minha vida para ninguém. Você estudou até quando, o que você fazia da vida, como você conheceu a menina? - Não vou falar nada disso não. Vocês dormiram nesses dois dias? - Não, ninguém dormiu aqui. Como estão sendo as conversas com a polícia? - O comandante falou que não vai ter problemas... Você falou pra ele que vai se entregar? - O comandante falou que vai aguardar. Você acredita que vai sair tudo certo? - E não é para acreditar na polícia? Você tem medo de alguma coisa? - A gente sempre tem medo que aconteça alguma coisa. Você já viu um monte de história que não acabou bem... Quando você vai se entregar? - No momento certo, já falei tudo que tinha que falar. E se a polícias invadir o apartamento? - Se a polícia invadir eu vou matar. Vocês dois estão tranquilos? - Sim, vai acontecer quando eu achar que deve ser. Hoje, amanhã? - Quando for o momento certo. Você ama a Eloá? - Amo muito.